“Usem a entidade para preservação e difusão da cultura”, diz ex-presidente da AJS

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Por Daniel Nakajima

Presidente da Associação Japonesa de Santos nos últimos quatro anos (2009-2012), o engenheiro Sergio Norifumi Doi, aos 60 anos, deixou o comando da entidade no mês de março. Casado com Celina, pai de Carla, Helder e Carlos, Doi nasceu em Mogi das Cruzes, em setembro de 1952. Veio para Santos na década de 80, ingressando na comunidade nipônica pelo Undokai.

Mestre e Doutor pela Unicamp, Doi continuará lecionando para os alunos de engenharia da Unisanta, onde é professor titular desde 1987, viajando com a esposa nos fins de semana, seu hobby predileto, e cuidando dos dois animais de estimação que possui: um cocker e um basset. Em entrevista para o Nansei (boletim informativo da AJS), ele relata quais as ações realizadas sob o comando da Associação Japonesa de Santos.

Nansei – Quais os motivos que o levaram a assumir a presidência da Associação Japonesa de Santos?

Sergio Norifumi Doi – Quando o Sr. Hiroshi Endo assumiu a presidência da Associação (2004), eu era secretário dele e já estava bastante envolvido com as questões da Associação. Sempre fui criado dentro deste espírito de comunidade, cresci realizando as tarefas do dia a dia através de mutirão. Então, quando o Endo-san disse que eu já tinha condições de tocar a entidade, aceitei este desafio.

Nansei – Qual o balanço que o senhor faz destas duas gestões (2009-2010/2011-2012) à frente da entidade?

Doi – Em princípio, foi dada continuidade às ideias do Sr. Hiroshi Endo, que sempre foi de preservar e difundir a cultura japonesa para a comunidade. Quando assumi, a escola de língua japonesa havia sido implantada há um ano, na gestão do ex-presidente (Hiroshi Endo). Porém, a inauguração, de fato, ocorreu em 2009, com a a vinda da professora Takako Uchida, que deu início a um modelo de gestão educacional. A presença da Takako se deu graças a parceria com a a JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão), contato iniciado através do Akihito Nakamura, que foi um dos primeiros professores a lecionar aqui na escola. Ao final do primeiro ano, em dezembro de 2009, nós tínhamos 20 alunos matriculados. Em 2010, dobramos para 41 estudantes. No seguinte (2011), fechamos com 60 e, no último ano da minha gestão, haviam 88 alunos.

Na parte de eventos, demos continuidade ao eventos tradicionais (Undokai e Keirokai) e também trabalhamos muito na realização do Festival da Cultura Japonesa visando a difusão da cultura através de apresentações artísticas, exposições e culinária.

Na segunda gestão, nós demos prioridade para a manutenção do casarão, que apresentava infiltrações e vazamentos em toda extensão. Reformamos as partes mais afetadas e o anexo. Conseguimos inaugurar quatro salas para a Escola Japonesa, todas com ar-condicionado, além de reformamos o dojou.

Nansei – Alguém em especial que você gostaria de agradecer ao longo da presidência?

Doi – Na primeira gestão, tenho que lembrar do Sr. Paulo Fukamy, que também veio do interior, assim como eu. O Sr. Fukamy foi uma pessoa que se dedicou como meu secretário nos dois primeiros anos e teve sua participação bastante ativa, praticamente à frente de todas as questões.

Outra pessoa que eu também não posso deixar de mencionar é a Sra. Eiko Hassegawa, que está como segunda secretária, mas tanto ela como o Paulo fizeram o papel de diretor administrativo. Foi a função que eu exerci durante a gestão do Endo-san. A eles, meus sinceros agradecimentos.

Também não posso deixar de agradecer as senhoras do ex-fujinkai. Sem elas, é impossível fazer qualquer evento.

Nansei – Quais os maiores desafios enfrentados?

Doi – Nosso maior desafio foi a busca pelos nikkeys da Cidade, os descendentes ativos, os jovens. Tentar fazê-los pegar gosto pela cultura. Esta geração de descendentes ficaram distantes das nossas tradições, exceto a parte da culinária, que se tornou moda no País. Nikkeys, a partir da minha geração, perderam o vínculo após a Segunda Guerra, muito em função da imposição do Governo.

Hoje é muito difícil mostrar, convencer e trazer para a Associação. Entendo também que, ao longo das gerações, houve uma mudança muito grande na forma das pessoas viverem. Hoje temos muita oferta de lazer, finais de semana, feriados prolongados (nem se fala!). Essas ofertas acabam distanciando um pouco as relações de compromisso, de ter que realizar e participar de algum evento.

Os jovens não estão dispostos a assumir este compromisso, eles querem uma certa liberdade. Essa foi a grande dificuldade que eu senti e entendo que o próximo presidente (Alcides Sekitani) vai continuar sentindo.

Nansei – E agora, quais são seus planos? Pretende voltar ao comando?

Doi – Se tiver novas lideranças, que possam dar continuidade as ações que nós planejamos, não vejo motivo. Estarei na retaguarda, caso haja necessidade, me disponho sempre a ajudar a Associação.

Nansei – Gostaria de deixar uma mensagem aos associados?

Doi – Tenho um pedido: que os associados tenham a liberdade de chegar aqui e fazer o uso desta entidade para preservação e difusão da cultura. Participem. O espaço é de todos. Para criar qualquer atividade aqui dentro, nós precisamos do envolvimento de todos.