Por Daniel Nakajima
Expandindo ações que contribuam para o relacionamento entre Brasil e Japão, a Associação Japonesa de Santos (AJS), em parceria com a Prefeitura, enviará mil tsurus a Nagasaki (cidade irmã de Santos). Este ano completam-se 65 anos da explosão da bomba atômica que atingiu as cidades de Hiroshima (06/08/1945) e Nagasaki (09/08/1945).
No dia 17 de maio, a diretoria da AJS esteve reunida com o prefeito João Paulo Tavares Papa para entregar as dobraduras. Estiveram presentes o vice-presidente da AJS, Sadao Nakai (representando o presidente, Sérgio Doi), Shitiro Tanji (Relações Públicas), Kenzo Ohashi (Secretário), Julieta Aguena (Conselho Deliberativo) e a professora Takako Uchida, idealizadora do evento e intercambista da JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão).
Papa enalteceu a iniciativa da AJS e afirmou que gostaria de aprofundar mais o intercâmbio entre as duas cidades. “Sabemos que os Estados Unidos gastam bilhões de dólares, anualmente, no desenvolvimento de armas nucleares. Temos que estimular mais ações como esta, além de fomentar a troca de informações entre as duas cidades em questões como a Educação, por exemplo”, afirmou o prefeito.
De acordo com Takako, a confecção dos tsurus foi feita com meses de antecedência para que o material chegue antes do dia 09 de agosto, data da explosão da bomba. “De acordo com as crenças nipônicas, quando se pretende conseguir um objetivo os japoneses costumam fazer semba tsuru (a confecção de mil dobraduras). Este origami simboliza a longevidade, sorte e, acima de tudo, paz. Produzindo mil origamis de tsurus, diz a lenda, um desejo se realizará”, afirma a professora.
Seminário – A iniciativa fez parte do seminário promovido pela AJS em 11 de abril (domingo) deste ano, intitulado “A Bomba Atômica e a Paz Mundial”, que contou com a presença do fundador da Associação das Vítimas da Bomba Atômica no Brasil e da Associação Hibakusha-Brasil pela Paz, Takashi Morita. Aos 86 anos e há 26 presidindo as duas instituições, Morita é um dos sobreviventes ao ataque em Hiroshima. Ex-policial militar, tornou-se relojoeiro antes de se mudar ao Brasil. Porta-voz dos sobreviventes no País, foi o primeiro hibakusha (“hibakusha” é um termo em japonês que significa sobreviventes da bomba atômica) a lutar por seus direitos perante o governo japonês e a divulgar o seu trabalho na sociedade brasileira.
A Associação das Vítimas de Bomba Atômica no Brasil é responsável pela negociação com o governo japonês pela assistência aos 127 sobreviventes da bomba que imigraram para o Brasil – o governo só ofereceu ajuda para quem ficou no Japão. A Associação Hibakusha-Brasil pela Paz é recente e faz ações em parceria com a sociedade civil para disseminar a paz e dizer não à guerra e às armas nucleares. Através da Associação, Morita passou a ajudar os casos de pessoas que não conseguiam comprovar suas existências antes da Bomba, utilizando-se de uma rede de contatos no Japão e nos Estados Unidos. Nesse processo, os hibakusha desses países trocam informações entre si a fim de encontrar conhecidos e testemunhas que reconheçam as outras vítimas. As ações da Associação Hibakusha são uma extensão dos trabalhos de jovens de Nagasaki que trabalham pela mesma causa, ao redor do mundo.